O “Servo sofredor” em hollywood

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O “Servo sofredor” em hollywood

 “E cuspiram-lhe no rosto e o esbofetearam. Outros lhe davam bordoadas, dizendo: ‘Faze-nos uma profecia, Cristo: quem é que te bateu?” Mateus 26,67 e 68.

Discórdia, desunião, preconceito. Fundamentalista, anti-semita e, sobretudo, violento. Estes foram alguns dos “adjetivos” usados pela imprensa para caricaturar o filme A PAIXÃO DE CRISTO (The Passion of the Christ) de Mel Gibson. Embora, desconfiado da imprensa, mas, ao mesmo tempo, influenciado por ela, pensei: “Tudo é possível em Hollywood e não haveria nada de extraordinário num filme de um hollywoodiano que oferecesse polêmica em troca de sucesso”. Confesso, fiquei com o pé atrás e antes de pronunciar algum parecer, esperei ver com meus próprios olhos o filme polêmico. Contudo, já não me faltavam os crentes que, eufóricos e bastante otimistas, já acolhiam o filme como um instrumento de Deus para a evangelização do povo brasileiro, mesmo antes de assisti-lo. Esta maneira, ingênua e despreocupada, das nossas igrejas receberem tudo que “vem de fora” me assusta e muito me preocupa, pois, foi ingênua e despreocupada a igreja que nos primeiros séculos sofreu a invasão do paganismo e das milhares de seitas gnósticas que “vinham de fora”. 

Por obra do destino, fui convidado por um amigo, especialista em cinema, a participar da cabine de imprensa oferecida pela Fox Film três dias antes de sua estréia em mais de 500 salas de cinemas espalhadas pelo Brasil. Esta se tornou uma oportuna ocasião para verificar se poderíamos aproveitar realmente a mensagem do filme, afim de contribuirmos para a proclamação de Cristo aqueles que vivem tão longe dele. Entusiasmado e, ao mesmo tempo, alarmado por boa parte dos críticos de cinema, fui preparado para assistir ao massacre sem precedentes. Inútil. A violência do filme, realmente, ultrapassou minhas expectativas, é quase insuportável...o impacto da representação da violência feita a Jesus foi mais do que esperava, mas, por certo, não gratuita. Mel Gibson desconstruiu todas as representações eufêmicas que se nos apresentaram, ao longo da história dos filmes sobre o sofrimento de Jesus, e construiu a representação de Cristo, o Servo Sofredor de Is 52:13-53:12. Fez algo “novo”, mostrou como Jesus padeceu.

No filme de Gibson, o Cristo realmente sofre e a lágrima de Deus pode ser vista numa tela gigante. Não só vi a tão falada metáfora da “lágrima de Deus”, mas também vi as lágrimas de alguns judeus que estavam sentados ao meu lado. Acredito que foram verificar se o filme é uma propaganda anti-semita. Decepção total. Nada há de anti-semitismo na Paixão de Mel Gibson. Em nenhum momento do filme se cogita uma condenação aos judeus. Apenas se apresentam os fatos. Nas palavras do ator Jim Caviezel (que fez o papel de Jesus), entrevistado pela revista Época: “existiram bons e maus romanos, bons e maus judeus”.

Gibson diz que mostra simplesmente “o que aconteceu”, usando apenas “o que está na Bíblia”. Em termos, pois o cineasta faz alguns recortes e simplificações tanto com a narrativa dos Evangelhos quanto com as pesquisas históricas. Contudo, estas releituras da história de Jesus, inseridas no filme, não comprometem o todo. São acréscimos que certamente devem ser confrontados e contestados.

Não vou contar aqui os detalhes e inovações do filme, mas acredito que vale a
 
pena assisti-lo. Aqueles que previamente acolheram o filme, mesmo sem assistir, desta vez acertaram o palpite, confesso. Sem dúvida, o filme pode ser um valiosíssimo instrumento para a proclamação do Evangelho. Sendo assim, aproveitemos bem a oportunidade.Gibson diz que mostra simplesmente “o que aconteceu”, usando apenas “o que está na Bíblia”. Em termos, pois o cineasta faz alguns recortes e simplificações tanto com a narrativa dos Evangelhos quanto com as pesquisas históricas. Contudo, estas releituras da história de Jesus, inseridas no filme, não comprometem o todo. São acréscimos que certamente devem ser confrontados e contestados.

Não vou contar aqui os detalhes e inovações do filme, mas acredito que vale apena assisti-lo. Aqueles que previamente acolheram o filme, mesmo sem assistir, desta vez acertaram o palpite, confesso. Sem dúvida, o filme pode ser um valiosíssimo instrumento para a proclamação do Evangelho. Sendo assim, aproveitemos bem a oportunidade.

Ficamos por aqui, deixando para reflexão um trecho de Isaías 53:5:

“Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniqüidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados.”