Artigo / Missões / Miss. Márcio José

A primeira vez que a palavra IDE falou realmente forte ao meu coração foi no final do ano de 1999, estávamos nos preparando para uma viagem missionária de curto prazo como parte pratica do curso de teologia do ITQ (Instituto Teológico Quadrangular), com Pastor Lécio Contu que organizou o Projeto IDE, era a primeira vez que eu sairia de perto dos meus pais e estava indo muito longe, até á Bolívia. No dia da despedida eu ainda não tinha todo valor para as despesas da viagem, era uma noite de virada de ano, iríamos colocar os pés, ou melhor, o fusca do nosso amigo Douglas Faro na estrada, fusca esse que sofreu nos mais de 2.000 Km que fizemos, precisando até  retificar o motor para a volta da equipe.

Enquanto famílias se divertiam com a chegada do ano 2000, muitos talvez não conseguissem se divertir tanto, atemorizados pelas falsas profecias da virada do milênio, mas a galera missionária estava em paz, à igreja lotou diferente de outras vezes, talvez por nossa despedida ou por algum temor das profecias da virada do milênio, mas o fato é que eu ainda não tinha todo dinheiro para viagem, porem estava lá, o IDE e o Projeto IDE me consumia, vendemos pizza, a igreja levantou ofertas, cada um conseguiu algum dinheiro com a família, mas eu ainda não tinha todo valor, mesmo assim estava crendo e dizendo:

– Eu Vou!

Ao final do culto de despedida, Pastor Rinaldo Gomes, meu pastor na época, chegou e colocou um valor em minhas mãos, olhei para o Douglas e contei o valor, era mais que o necessário para suprir minhas despesas, Aleluia!

Desde o dia em que descobri que Jesus nos chamou a ir, nunca mais consegui ficar, mesmo em épocas que eu precisava ficar para trabalhar e levantar recursos para no próximo período voltar aos estudos no seminário, sempre dava um jeito de me envolver com alguma atividade missionária local ou de mobilizar ou enviar recursos para amigos missionários no campo, o que até hoje nos esforçamos em fazer, mesmo com o pouco que temos.

Algumas vezes as pessoas nos fazem essa pergunta: Porque ir para outro lugar se aqui também precisamos?

A resposta é clara, Jesus mandou!

“Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mateus 28.19-20).

Imagine se tantos dos homens que foram chamados não tivessem obedecido ao Espírito Santo e vindo ao Brasil, o que seria dessa nação hoje, a igreja brasileira é uma das que mais crescem no mundo, só nos últimos 10 anos dobramos a população evangélica protestante de 26 milhões no ano 2000, para algo em torno de 55 milhões em 2010; Mas devemos lembrar que existem nações, tribos e povos que ainda não receberam os missionários chamados para anunciar, clamam ainda as palavras do apóstolo:

 “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (Romanos 10.14,15).

Muitas vezes quando sou chamado a pregar em púlpitos da igreja brasileira, principalmente aos daquela linha de costume de ter cadeiras ou bancos atrás do púlpito, fico a pensar e por vezes já mencionei meu pensamento em pergunta aos ouvintes:

– Quantos são os que Crêem e por Crer invocam ao Senhor? Quantos aqui têm a oportunidade de ouvir e de pregar? E quantos são os enviados aqui?

Em uma só igreja de 100 ou 200 membros encontramos mais de uma dúzia de obreiros sentados atrás de um pregador, por vezes pode-se ouvir em uma só noite, três, quatro ou mais deles falando, enquanto no Brasil evangélico, das 258 tribos indígenas catalogadas, 92 dessas ainda não tem presença evangélica, sem contar outras a pesquisar, o que passa de 90 aldeias. No Paraguai mais de 400 municípios e 8.000 povoados não tem nenhuma igreja e nenhum crente conhecido, sem contar as diversas igrejas do país que não tem um Pastor ou um líder preparado, nos paises do Oriente Médio e Ásia temos menos de 3 missionários para cada 1 Milhão de mulçumanos.

O visionário e mobilizador David Botelho certa vez já perguntou: “È justo que uma igreja de 1.000 membros tenha 20 obreiros, enquanto 1 Milhão de mulçumanos tem 2,8 missionários transculturais?”

No mundo temos mais de 4 Milhões de obreiros de tempo integral e cerca de 285 mil são missionários, mas apenas 15 mil destes trabalham entre os não alcançados, sendo que apenas 3.200 são brasileiros. O numero de missionários aos povos que já conhecem o evangelho é cada vez maior, enquanto os povos que não conhecem Jesus continuam sendo negligenciados.

São povos, tribos, línguas e nações que ainda esperam por uma palavra de salvação, no mundo temos de 13.000 a 16.000 povos etnolingüísticos/etnoculturais e estima-se que entre 3.500 a 6.900 destes povos ainda não tem acesso ao evangelho, das quase 7.000 línguas existentes no mundo, aproximadamente 4.000 línguas e dialetos de grupos minoritários não tem tradução da bíblia, são eles grupos que somam em torno de 300 milhões de pessoas. Quando Jesus comissiona os discípulos, ali estava surgindo os primeiros membros de uma igreja que tinham a tarefa de discípular outros membros a caráter, assim como Jesus os tinha discipulado nos anos em que conviveram juntos.

Não era o nascimento de uma igreja que mais tarde criaria um departamento ou uma programação com o nome: “Missões”, mas era uma missão dada para fazer missões, a natureza essencial da igreja é missões, sem a missão dada por Jesus não existiria igreja, missões é o ato de implantar a igreja de Cristo na terra através de almas salvas que desejam comungar juntos da mesma fé.

A igreja nasceu e existe por uma missão que lhe foi confiada: IDE!